Você já viu alguém medir afeto em macros? Pois é. Mas tem gente por aí tentando reduzir canjica a números, como se fosse possível traduzir panela de pressão, cheiro de cravo e infância em gordura saturada.
A verdade é que canjica não se explica — se serve. De preferência quente, grossa, com gosto de cozinha antiga e ausência de pressa.
A confusão geográfica da canjica (e por que ela só melhora com o tempo)
Se você cresceu no Sudeste, canjica é aquela mistura cremosa de milho branco, leite e memória afetiva. Mas vai pro Nordeste e a palavra muda de sentido: o doce vira mugunzá, e “canjica” é outro rolê. A treta é séria — e deliciosa em qualquer latitude.[en.wikipedia][pt.wikipedia]
Mais importante do que o nome é o conceito: milho demolhado, cozido até desmanchar no leite, açúcar até dar aquele brilho e, claro, canela em pau, porque respeito é bom e a gente gosta.
Receita de canjica cremosa
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Quem tá contando?Canjica cremosa com leite de coco, canela e atitude. Receita clássica, encorpada, feita pra comer de colher e sem pressa.
Ingredientes
500g de canjica branca
1 litro de água
1 litro de leite integral
1 lata de leite condensado
1 garrafinha de leite de coco (200ml)
100g de coco ralado
1 pau de canela
3 cravos
Pitada de sal
Modo de Preparo
- Deixe a canjica de molho por 8 horas — é o tempo que leva pra um boleto vencer.
- Escorra e cozinhe com a água na pressão por 30 minutos.
- Abra, adicione o leite, leite condensado, leite de coco, coco, especiarias e o sal.
- Cozinhe mexendo sempre, até encorpar. E não inventa de usar panela pequena.
Quando comer? Quando quiser.
- Vai bem no São João, no meio de agosto, ou num dia de fúria.
- Combina com café preto, pinga, ou aquele silêncio respeitoso entre bocadas.
- Serve quente, mas também funciona fria, direto da geladeira às 3 da manhã.
E se quiser variar…
- Adicione amendoim torrado por cima — crocância não faz mal a ninguém.
- Troque o leite comum por leite de vaca mesmo. Ah, já era.
No Monólogos do Arroz, a gente não simplifica comida. A gente amplifica. E a canjica é daquelas receitas que resistem à pasteurização da cultura alimentar: cheia de personalidade, cremosa, doce na medida do escândalo.
Comenta aí: você chama de canjica ou mugunzá? Já queimou a língua com uma colherada ansiosa? Divide com a gente. A gente julga, mas serve outra concha.
